Rio de Janeiro investiga primeiros casos de intoxicação por metanol
Químico Rafael Almada, reitor do IFRJ, alerta para os riscos da substância e explica como o metanol age no corpo humano
Foto: Anderson Diego O avanço dos casos de intoxicação por metanol acendeu um sinal de alerta nas autoridades de saúde e entre especialistas. O químico Rafael Almada, reitor do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), reforça que a informação e a conscientização da população são fundamentais para conter o aumento de casos. “O metanol não é álcool de beber. No corpo humano, ele age como veneno”, adverte o especialista.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde neste domingo (5), o Brasil já contabiliza 209 casos suspeitos de intoxicação e 15 mortes — duas confirmadas em São Paulo e outras 13 ainda em investigação. No Rio de Janeiro, autoridades sanitárias apuram os primeiros casos suspeitos.
Almada explica que o metanol é um tipo de álcool visualmente semelhante ao etanol, usado em bebidas comuns, mas que se transforma em compostos altamente tóxicos quando metabolizado pelo corpo. “Ele gera formaldeído e, depois, ácido fórmico — o mesmo presente nas picadas de formiga. Esse ácido ataca as mitocôndrias das células, podendo causar náuseas, vômitos, cegueira e até falência de órgãos”, detalha.
A contaminação ocorre, na maioria das vezes, por bebidas adulteradas ou clandestinas, que misturam metanol ao etanol para reduzir custos de produção. A semelhança entre as substâncias torna praticamente impossível identificar o perigo a olho nu.
“É fundamental desconfiar de bebidas muito baratas, sem rótulo ou vendidas em embalagens reaproveitadas”, reforça Almada. “O metanol é usado como solvente industrial e combustível, e não há dose segura para o consumo humano.”
Entre as recomendações do especialista estão:
- Evitar bebidas de origem duvidosa ou sem registro;
- Não comprar produtos em recipientes improvisados;
- Denunciar irregularidades às autoridades sanitárias;
- Procurar atendimento médico imediato em caso de sintomas como tontura, visão embaçada, vômitos ou confusão mental após o consumo de álcool.
O alerta é técnico, direto e urgente: um único gole pode causar danos irreversíveis. “É um assunto sério. Precisamos falar mais sobre a composição química das bebidas e exigir controle real de qualidade”, conclui Rafael Almada.




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